Muitas vezes crescemos acreditando que as plantas carnívoras são monstros aterrorizantes que devoram pessoas... Com certeza já assinstimos desenhos animados, nos quais elas engolem as pessoas com uma só bocada, e em seguida as digerem... Essas histórias fantásticas estimulam a curiosidade das pessoas que muitas vezes por falta de esclarecimento passam a pensar que esses seres são realmente monstruosos.
Para desmistificar tudo isso vamos conhecer um pouco sobre as plantas carnívoras, que óbviamente não são tão amedrontadoras como imaginamos.
As plantas carnívoras são fruto da evolução de certas espécies que buscaram uma forma de sobreviver em solos pobres em nutrientes. Essas plantas passaram a retirar do ambiente o complemento alimentar que a terra não lhes fornecia. Estima-se que as primeiras plantas carnívoras tenham habitado nosso planeta cerca de 6,5 milhões de anos atrás.
As espécies hoje existentes evoluíram das espécies ancestrais que aprisionavam parasitas como modo de defesa. Atualmente, as plantas carnívoras utilzam suas folhas modificadas para capturar principalmente pequenos insetos.
Atualmente, são conhecidas mais de 500 espécies de plantas carnívoras, espalhadas pelo mundo. No Brasil, existem mais de 80 espécies diferentes. Somos o segundo país do mundo a possuir mais espécies de carnívoras; o primeiro é a Austrália. Aqui, elas crescem principalmente nas serras e chapadas. Podem ser encontradas em quase todos os estados, sendo mais abundantes em Goiás, Minas Gerais e Bahia.
São habitantes de solos pobres em nutrientes orgânicos, com pH baixo (considerados solos ácidos), essas características encontram-se em alagados (brejos) ou solos pedregosos.
É comum encontrarmos na literatura o nome "insetívora" para estas plantas, mas muitos dos estudiosos sobre o assunto discordam e afirmam que tal termo não é correto. Insetos são o principal elemento de seu cardápio, mas a dieta das carnívoras pode ser bem variada, incluindo desde organismos aquáticos microscópicos, moluscos (lesmas e caramujos), artrópodes em geral como insetos, aranhas e centopéias e, ocasionalmente, pequenos vertebrados como sapos, pássaros e roedores.
Como as plantas carnívoras conseguem aprisionar suas presas?
Muitas espécies atraem suas presas da mesma forma que as flores atraem seus polinizadores: com formas, cores, substâncias químicas e odores. Outras se aproveitam dos padrões de luz ultravioleta de suas armadilhas para atrair insetos voadores.
Vamos conhecer alguns dos métodos utilizados pelas plantas carnívoras na captura de suas presas:
As armadilhas "jaula" são as mais famosas por ser a própria representação da ação carnívora por meio de vegetais. As folhas são divididas em duas partes, como se fosse uma boca, com gatilhos no interior. Ao ser tocado pelo inseto, o gatilho aciona um mecanismo que fecha as metades da folha em incríveis frações de segundo. Elas só voltam a se abrir após as enzimas terem digerido o animal. Essas enzimas proteolíticas são fracas e, por isso, inofensivas à pele humana e aos animais de médio e de grande porte. Esse tipo de armadilha é encontrado na Dionaea (dionéia) e Aldrovanda. A dionéia é a mais popular e ativa das plantas carnívoras; tem folhas de 8 a 16 centímetros. O inseto capturado é digerido pelas glândulas digestivas da folha da dionéia durante 5 a 15 dias.
As armadilhas de sucção são utilizadas por todas as espécies de Utricularia, pois elas vivem submersas em água doce ou brejos. Essas espécies possuem pequenas “bolsas” (utrículos), cada qual com uma minúscula entrada cercada por gatilhos que quando estimulados provocam a abertura dessa entrada. Em razão da diferença de pressão entre o interior e o exterior da 'bolsa' quando a entrada é repentinamente aberta, tudo ao redor é sugado para dentro, incluindo a presa que estimulou o gatilho.
Existem também armadilhas do tipo folhas colantes que são as mais simples e encontradas em algumas famílias sem parentesco próximo. Basicamente, são glândulas colantes espalhadas pelas folhas ou até pela planta toda. As presas são, na maioria das vezes, pequenos insetos voadores. Esse tipo de armadilha é encontrado em Byblis, Drosera, Drosophyllum, Ibicella e Triphyophyllum. Dentre estas, a Drosera apresenta movimento nas glândulas, às vezes na folha toda, enrolando-se sobre a presa para colocar mais superfície em contato com ela, de forma a ajudar a digestão e a subseqüente absorção. Com folhas de 2 a 35 centímetros, com longos pêlos glandulares, semelhantes a tentáculos que segregam líquido pegajoso, brilhante e com odor de néctar. Elas se curvam para prender os insetos e raramente reagem a um movimento que não seja o de uma presa em potencial. Quanto mais o inseto se debate, mais preso fica pelo líquido viscoso, que contém as enzimas digestivas. Os nutrientes do animal são absorvidos em cerca de 5 dias. Após isso, a folha se desenrola, pronta para nova captura.
Outras espécies apresentam ascídios que são folhas altamente especializadas, inchadas e ocas, que se parecem urnas ou jarras, com uma entrada no topo e um líquido digestivo no interior. Também podem estar presentes em algumas famílias sem parentesco próximo: Cephalotus, Darlingtonia, Heliamphora, Nepenthes, Sarracenia, etc. Capturam desde pequenos vertebrados até minúsculos invertebrados. As presas caem no líquido digestivo, ali se afogam e são digeridas. A Darlingtonia, por exemplo, é popularmente chamada de planta-jarra. As folhas, inicialmente delgadas, adquirem forma tubular. As maiores chegam até 90 centímetros de comprimento, assumindo finalmente o aspecto de jarra, com ápice alargado. A jarra é provida de nervuras vermelhas e funciona como armadilha. Os insetos caem no líquido que se acumula no interior da urna em função da cera adesiva que existe na parede interna da parte superior da jarra. Esta espécie é encontrada normalmente em barrancos úmidos e nas margens dos rios. Sua principal característica é o fato de usar bactérias para fazer a digestão dos insetos que aprisiona.