- Lamarck poderia ter sido Educador?
A teoria do uso e desuso de Lamark atualmente não é a mais aceita entre os evolocionistas. Mas certamente, devemos a ele muitas das contribuições no campo da evolução. Mesmo tendo ele sido ultrapassado pelas teorias darwinistas, suas idéias serviram de base para estes estudos posteriores, que somente acrescentaram-lhe atribuições.
Quando refiro-me as teorias lamarckistas, sem dúvida refiro-me àquela que tentou esclarecer-nos sobre evolução das espécies. Esta teoria, defendida, e também contestada por muitos, enfatizava que os seres vivos por sofrerem pressões ambientais que colocavam em risco a continuidade de sua espécie, buscavam mecanismos que possibilitasse superar as adversidades do meio. Lamarck utilizou como exemplo as girafas, que, quando em escassez de alimentos, tinham de procurá-los em lugares mais adversos, onde ainda havia maior disponibilidade. Dessa forma, as girafas que não conseguiam alcançar o topo das árvores, onde ainda restava folhas, acabavam morrendo, e aquelas que se utilizavam de suas características vantajosas, como um pescoço mais longo, acabavam sobrevivendo. Para Lamarck, quanto mais utilizamos um órgão ou parte do corpo, mais esse órgão tende a se desenvolver, contrariamente, as partes que não são usadas enfraquecem, atrofiam, chegando até a desaparecer. Esta teoria foi chamada de lei do uso e desuso.
Mas de que forma podemos utilizar-nos da lei do uso e desuso quando falamos em educação?
Paremos para uma breve reflexão sobre a educação nos dias atuais e nos defrontamos com uma realidade catastrófica. Nossa realidade educacional está sofrendo uma crise de valores, deturpada pela manipulação do saber em detrimento de apenas uma parcela da população. Esta realidade, é fomentada por poucos e sustentada por muitos, pois grande parte da sociedade não disponibiliza de mecanismos que possibilitem a decodificação desses valores que, tão subliminarmente, vão sendo-nos impostos cotidianamente, tendo como efeito o condicionamento e a estagnação.
As idéias lamarckistas servem para exemplificar tudo isso... De certa forma, somos como as girafas por ele enfatizadas: Vivemos em um mundo adverso, onde necessitamos de meios para nossa subsistência, esses meios não estão à disponibilidade de todos, portanto, é necessário que se encontre meios viáveis de adquirí-los. Necessitamos de um “pescoço longo” que nos permita alcançar no topo das árvores mais altas... Esse “pescoço longo” é um valioso recurso, o único que pode modificar nossa realidade socio-política: A EDUCAÇÃO.
Utilizemo-nos então de nossas características vantajosas... De nossa capacidade crítica que possibilite-nos a mudança. Pois, somente através do uso de nossa consciência contrária à alienação poderemos desvincular-nos de valores impostos, passando a assumir uma postura crítica para não estagnar-nos pela lei do desuso.
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