Tecnologia e ética científica

• A Ciência a favor da vida

Presenciamos nos últimos tempos inúmeras inovações de cunho científico no tratamento de doenças. Algumas destas descobertas têm gerado grande polêmica em relação a sua utilização devido a questões sociais, religiosas, éticas ou até mesmo a falta de esclarecimento.
Quando falamos em novas tecnologias científicas, várias discussões são levantadas, e valores éticos são evocados a fim de impor limites seguros e humanamente responsáveis para estes experimentos.
Nas últimas décadas descobriu-se e tem sido muito estudada a potencialidade das células-tronco, sejam elas adultas (retiradas da medula óssea ou cordão umbilical) ou embrionárias (retiradas de embriões durante o período de blastócito). Essas células são consideradas totipotentes, ou pluripotentes, porque têm capacidade de se diferenciar em outros tipos de célula, podendo regenerar tecidos e órgãos lesionados.

Muito se tem discutido sobre a utilização de células-tronco e muita polêmica tem sido gerada a respeito, principalmente devido a questões religiosas. A igreja católica, entre outras religiões, condena a utilização de embriões humanos, pois considera que a vida começa no momento da fecundação, e, sendo assim, esses procedimentos não respeitam a dignidade humana enquanto se utilizam da criação de embriões humanos in vitro (em laboratório) e seu posterior descarte após a utilização. A igreja ainda acusa a comunidade científica de tentar igualar-se a Deus ao manipular a formação de uma nova vida e determinar sua finalidade e duração. Em contraponto, os cientistas engajados nestes procedimentos defendem-se, argumentando que não serão criados embriões indiscriminadamente para as pesquisas envolvendo células-tronco, mas sim, utilizados aqueles embriões que já encontram-se criopreservados e oriundos de técnicas de reprodução artificial, caso contrário, seu destino será apenas o descarte. Além disso, afirmam que toda a manipulação terá como objetivo uma função terapêutica, investindo-se no tratamento de doenças graves e degenerativas.
Enquanto estas questões não são completamente esclarecidas ainda há divergência entre os cientistas, alguns afirmam que para não haver polêmica nesse sentido, devem ser utilizadas as células-tronco adultas, enquanto outros afirmam que estas não teriam a mesma potencialidade durante a diferenciação celular como as células-tronco embrionárias.
Devido a todos esses diferentes pontos de vista referentes não só às pesquisas em células-tronco, mas também outras tecnologias que têm por objetivo o tratamento e a cura de doenças incapacitantes, muitas pessoas têm se questionado e repensado sua postura frente aos avanços médicos e suas implicações.
Porquanto, faço-me valer das palavras de Drauzio Varella no que se refere às pesquisas com células-tronco: Segundo ele, “considerar que um óvulo fecundado por um espermatozóide num tubo de ensaio, depois de três ou quatro divisões, é uma vida com o mesmo direito da criança que está em uma cadeira de rodas, sentindo-se cada vez mais incapacitada, é revoltante. Nesse caso, não seria exagero encarar a masturbação masculina como um genocídio em potencial.”
Finalmente, saliento que toda e qualquer tentativa que tenha como objetivo salvar vidas, deve ser encarada como prioridade, porém devem, fudamentalmente, serem respeitados os preceitos éticos que envolvem estes procedimentos, para que as experiências sejam embasadas em uma legislação eficaz, assegurando o bem comum de todos.

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